sábado, 17 de dezembro de 2016

O TEMPO

Ali, onde o tempo por um minuto parou em consideração... onde a vida escreveu com letras sofridas o destino de ambos... ali dois corpos unidos como tantas vezes antes se uniram... o mar que leva consigo a triste sina de testemunhar despedidas como essa não escapou e esperava pacientemente  o desenlace dos jovens que tantos sonhos formularam juntos, quantas sementes plantadas agora condenadas a secar e morrer. Ela o abraçava soluçando sem entender ou não querendo entender... como pode alguém selar o destino de duas pessoas... ele silencioso e rude mas com o coração partido apenas depositava seu braço por sobre o ombro da amada, não encontrava palavras, não sabia e também não entendia... a ampulheta esvaziava assim como a esperança dos jovens... ele morrerá pensava ela, que será de mim sem meu amor, amor que esperei todo este tempo, e assim que o encontro, parte... será de outro, pensava ele, tenho certeza e não posso evitar nem pedir a ela que não, seria egoísmo da minha parte, que seja feliz se assim quiser o destino... soa o apito... apertam-se as mãos... ela penetra por seus olhos tentando chegar ao fundo de sua alma e depositar seu amor... triste vida que nós da com a mesma mão que tira... triste sina que nos acompanha sem escolha... ele pega a mochila... ela chora cada vez mais e diz repetidamente que o ama... ele silencia, esta indefeso, sem saída, beija a testa da amada repetidamente e vai se afastando dizendo que a ama chorando... entra no navio acenando... e esta é a ultima lembrança que ela guarda... caminha com rosto voltado para o chão sem pensar... apenas chora... Porque nos fere assim o destino? Esperarei por ele... é meu amor... dele são meus beijos... a ele pertence meu espírito e meu corpo... assim como as ondas que vão ao fundo e retornam a praia, voltara ele também... esperarei... 

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